A Safra do Sal
Conheça um pouco mais sobre a Safra de sal de Aveiro.
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2/14/20242 min read
A Safra do sal
Durante o Inverno, a salina sofre a acção das chuvas e dos ventos, estes arrastam terra e outros materiais que se depositam ou se encontram em suspensão nas suas águas. Os muros são alvo da erosão causada pelas marés e racham. Ainda devido à acção da água, as comportas de madeira tendem a apodrecer.
Como nesta altura as águas da salina têm uma salinidade baixa crescem ervas e moliço nos diferentes compartimentos, nos muros e canais. Também as eiras se sujam e desnivelam. No início da Primavera (entre Fevereiro e Abril), assim que as chuvas partem, inicia-se a safra e esta só termina quando as chuvas regressam.
Todo o processo da safra pode ser dividido em três fases:
Trabalhos preparatórios
Os trabalhos preparatórios visam preparar a salina para a produção de sal. São o conjunto de trabalhos de limpeza e reconstrução da marinha assim como a cura dos solos.
A limpeza e reconstrução da marinha engloba por sua vez, vários trabalhos, como os de:
reparar cambeias na defensão, com aplicação de capêlo;
escoar as águas depositadas nas comedorias, mandamento e cristalizadores;
envieirar o moliço e transportar o mesmo até ao malhadal, local onde seca;
travejar o viveiro e os algibés;
embarachar o mandamento;
dar sol à comedoria e ao mandamento;
tirar o entraval;
anafar os liames;
regar o mandamento;
estranger a marinha.
O período da cura dos solos, que se desenrola em geral nos meses de Maio e Junho, implica a execução das seguintes tarefas:
meter água nas cabeceiras;
encanar a praia podre dos meios;
dar sol da estrangedura;
governar o mandamento (dar molhaduras);
circiar*;
meter nova água e encamisar;
desmamar a marinha dos meios de baixo para os meios de cima;
sustentar a marinha.
Produção do sal
A produção de sal consiste num conjunto de trabalhos de cristalização, por evaporações sucessivas, até à colheita do sal. Decorre desde finais de Junho até Setembro/Outubro desde que as condições atmosféricas o permitam. Engloba a realização das seguintes tarefas:
botar a marinha a sal (botadela);
dividir a marinha em três mãos;
escoar as encanas;
abastecer diariamente de água salina a marinha partindo dos algibés e indo sucessivamente até às cabeceiras;
quebrar, envieirar e rêr uma das mãos;
bulir as outras duas mãos para não se formarem tremonhas;
tirar o sal de três em três dias nas diferentes mãos, consoante o estado do tempo;
colocar o sal rido a secar no tabuleiro durante umas horas;
encher as canastras de sal;
transportar o sal para as eiras;
fazer montes e/ou mula nas eiras;
Remoção e conservação do sal
A fase de remoção e conservação do sal é o termo da safra.
Dela fazem parte os seguintes trabalhos:
achegar os montes de sal;
cobrir os montes com tela plástica e redes - tradicionalmente, com bajunça ou junça chapeada por lama, sob a forma de pés de galinha.
O preço, tal como tradicionalmente é feito pelo armazenista local, que com uma vara mede a roda do monte e após prévia apreciação e da quantidade do sal, faz o preço.
O contrato de compra e venda é celebrado oralmente, entre o Marnoto e o armazenista. O transporte fica a cargo do armazenista, que o distribui.
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